A produção independente Ursinho Pooh: Sangue e Mel — uma releitura de terror do clássico personagem infantil — tem chamado atenção, mas não exatamente pelos melhores motivos. Após ser avaliado por críticos internacionais, o filme entrou para a temida lista das cem piores obras cinematográficas de todos os tempos, segundo o site Rotten Tomatoes.

De acordo com informações divulgadas em março, cerca de seis semanas após sua estreia, o longa ocupava a 97ª posição entre os filmes mais mal avaliados pelos críticos, com apenas 4% de aprovação. No entanto, com o lançamento em outros mercados internacionais, a situação piorou: atualmente, Sangue e Mel aparece na 68ª colocação, com uma pontuação ainda mais baixa — apenas 3% de aprovação crítica. Isso o coloca entre os longas Down to You (67ª posição) e Bucky Larson: Born to Be a Star (69ª posição), ambos também bastante criticados.

A plataforma especializada ainda destaca o “consenso dos críticos” a respeito do terror: “Ah, incomoda”, uma avaliação que resume o desconforto causado pela produção. Com a estreia recente do filme nos cinemas brasileiros, a colocação no ranking pode sofrer alterações, dependendo da recepção do público e dos críticos locais.

Dirigido, escrito e co-produzido por Rhys Frake-Waterfield, Ursinho Pooh: Sangue e Mel só foi possível graças ao fato de o personagem original ter se tornado de domínio público, o que permitiu a utilização sem necessidade de autorização dos estúdios detentores dos direitos autorais. Isso abriu caminho para uma abordagem mais sombria, sem restrições criativas. No entanto, apesar de muitas vezes o cinema independente ser sinônimo de criatividade e inovação, neste caso a falta de orçamento pode ter sido um fator determinante para os diversos problemas apontados pelos críticos, especialmente relacionados ao roteiro considerado fraco e à execução limitada.

Uma versão macabra do conto infantil

A trama do filme traz uma reinterpretação sombria do universo criado por A. A. Milne. Na história, Christopher Robin (interpretado por Nikolai Leon) deixa seus antigos amigos Pooh (Craig David Dowsett) e Leitão (Chris Cordell) para trás ao decidir seguir seus estudos universitários. Sentindo-se traídos, abandonados e famintos, os dois personagens — que antes eram símbolos de inocência — se transformam em criaturas selvagens e vingativas.

Sem mais a personalidade amigável que os consagrou nas animações infantis, Pooh e Leitão se voltam aos seus instintos mais brutais, agindo como um urso e um porco sedentos por sangue. Eles passam a caçar implacavelmente qualquer um que se aventure pela Floresta dos Sonhos Azuis, transformando o local em um verdadeiro pesadelo.

Apesar das críticas negativas, o filme conseguiu gerar repercussão internacional e atrair a curiosidade do público justamente por sua proposta inusitada. A subversão de personagens tão conhecidos da cultura popular infantil em figuras de terror causou espanto e, ao mesmo tempo, chamou atenção nas redes sociais. Ainda que mal avaliado, o longa já garantiu uma sequência e parece estar abrindo espaço para outras adaptações sombrias de personagens clássicos do domínio público.

No fim das contas, Ursinho Pooh: Sangue e Mel pode não ser lembrado por sua qualidade cinematográfica, mas certamente entrou para a história como uma das produções mais controversas dos últimos anos.